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sábado, 20 de março de 2010

LITURGIA DO DIA - 20/03

Santo do dia
Sábado da 4ª semana da Quaresma

LEITURAS
Livro de Jeremias 11,18-20.
O Senhor instruiu-me e eu entendi. E então vi com clareza o seu proceder para comigo. E eu, como manso cordeiro conduzido ao matadouro, ignorava as maquinações tramadas contra mim, dizendo: «Destruamos a árvore no seu vigor; arranquemo-la da terra dos vivos, que o seu nome caia no esquecimento.» Mas o Senhor do universo, justo juiz, sonda os rins e o coração. Que eu seja testemunha da tua vingança sobre eles, pois a ti confio a minha causa.
Livro de Salmos 7,2-3.9-10.11-12.
SENHOR, meu Deus, a ti me confio; livra me de todos os que me perseguem e salva me.Que não me arrebatem como o leão e me dilacerem, sem que ninguém me valha.O SENHOR julga os povos; julga me, então, SENHOR, segundo o meu direito e segundo a minha inocência.Peço-te: acaba com a malícia dos ímpios; fortalece os que são justos, Tu, que perscrutas o íntimo dos corações, ó Deus de justiça!A minha protecção está em Deus, que salva os de coração sincero.Deus é um justo juiz, que, a todo o momento, pode castigar.
Evangelho segundo S. João 7,40-53.
Então, entre a multidão de pessoas que escutaram estas palavras, dizia-se: «Ele é realmente o Profeta.» Diziam outros: «É o Messias.» Outros, porém, replicavam: «Mas pode lá ser que o Messias venha da Galileia?! Não diz a Escritura que o Messias vem da descendência de David e da cidade de Belém, donde era David?» Deste modo, estabeleceu-se um desacordo entre a multidão, por sua causa. Alguns deles queriam prendê-lo, mas ninguém lhe deitou a mão. Depois os guardas voltaram aos sumos sacerdotes e aos fariseus, que lhes perguntaram: «Porque é que não o trouxestes?» Os guardas responderam: «Nunca nenhum homem falou assim!» Replicaram-lhes os fariseus: «Será que também vós ficastes seduzidos? Porventura acreditou nele algum dos chefes, ou dos fariseus? Mas essa multidão, que não conhece a Lei, é gente maldita!» Nicodemos, aquele que antes fora ter com Jesus e que era um deles, disse-lhes: «Porventura permite a nossa Lei julgar um homem, sem antes o ouvir e sem averiguar o que ele anda a fazer?» Responderam-lhe eles: «Também tu és galileu? Investiga e verás que da Galileia não sairá nenhum profeta.» E cada um foi para sua casa.
Comentário ao Evangelho do dia feito por Orígenes 185-253), presbítero e teólogo Tratado dos príncipes, livro 2, cap. 6, 2: PG 11, 210-211 (a partir da trad. Orval)

«Ninguém Lhe deitou a mão»

Encontramos em Cristo características tão humanas, que não têm nada que as distinga da fraqueza comum a nós, os mortais, e ao mesmo tempo características tão divinas, que só podem pertencer à soberana natureza divina. Perante isto, a inteligência humana, demasiado restrita, sente uma admiração tão grande, que não sabe o que pensar nem que direcção tomar. Pressente Deus em Cristo, mas no entanto vê-O morrer. Toma-O por homem, e eis que Ele ressuscita dos mortos com o Seu espólio de vitória, após ter destruído o império da morte. Deste modo, a nossa contemplação deve ser exercida com muita reverência e temor, no sentido em que considera no mesmo Jesus a verdade das duas naturezas, evitando atribuir à inefável essência divina coisas que são indignas dela e que não lhe pertencem, mas também evitando ver nos acontecimentos da História apenas aparências ilusórias.Na verdade, fazer com que os ouvidos humanos ouçam estas coisas, tentar exprimi-las por palavras, ultrapassa largamente as nossas forças, o nosso talento e a nossa linguagem. Penso mesmo que ultrapassa a medida dos apóstolos. Mais, a explicação deste mistério transcende provavelmente toda a ordem dos poderes angélicos.
Fonte: Evangelho Quotidiano

sexta-feira, 19 de março de 2010

LITURGIA DI DIA - 19/03










Santo do dia


Calendário da Igreja disponível este dia

S. JOSÉ, esposo da Virgem Santa Maria, padroeiro da Igreja universal - solenidade

Hoje, comemoramos o grande patrono da Igreja Universal, São José. Ninguém ignora que São José é o esposo de Nossa Senhora e pai adoptivo de Jesus. A Bíblia não fala muito dele. No entanto, o amor cristão faz de cada palavra do Evangelho de São Mateus um ensinamento novo para a vida. Eis alguns factos que sempre recordamos: A ordem dada a São José, de receber Maria como esposa. É o fim do Antigo Testamento e o começo do Novo. Ele é o patriarca, o grande pai. A fuga para o Egipto e a volta lembram a história de todo o povo de Israel - o Êxodo. Portanto, São José é o amigo do povo, dos pobres, dos pequeninos, dos perseguidos e dos sofredores. Da Bíblia, recebeu ele o título maior que ela costuma dar a alguém: Justo. São José era um homem "justo". Tanto a Idade Média quanto os tempos modernos lembraram muito São José como modelo para o lar e, também, para o operário. A simplicidade e a fidelidade fizeram de São José o protector escolhido para Maria e para o próprio Jesus, bem como para todos nós.

LEITURAS
Livro de 2º Samuel 7,4-5.12-14.16.
Mas, naquela mesma noite, o Senhor falou a Natan, dizendo-lhe: «Vai dizer ao meu servo David: Diz o Senhor: "És tu que me vais construir uma casa para Eu habitar? Quando chegar o fim dos teus dias e repousares com teus pais, manterei depois de ti a descendência que nascerá de ti e consolidarei o seu reino. Ele construirá um templo ao meu nome, e Eu firmarei para sempre o seu trono régio. Eu serei para ele um pai e ele será para mim um filho. Se ele cometer alguma falta, hei-de corrigi-lo com varas e com açoites, como fazem os homens, A tua casa e o teu reino permanecerão para sempre diante de mim, e o teu trono estará firme para sempre".»
Livro de Salmos 89(88),2-3.4-5.27.29.
Hei de cantar para sempre o amor do SENHOR; a todas as gerações anunciarei a sua fidelidade.Proclamarei que o teu amor é para sempre, e que a tua fidelidade é eterna como o céu."Fiz uma aliança com o meu eleito, jurei a David, meu servo:'Estabelecerei a tua descendência para sempre e o teu trono há-de manter-se eternamente'."Ele me invocará, dizendo: 'Tu és meu pai, és o meu Deus e o rochedo da minha salvação!'Hei-de assegurar lhe para sempre o meu favor e a minha aliança com ele há-de manter-se firme.Carta aos Romanos 4,13.16-18.22. Não foi em virtude da Lei, mas da justiça obtida pela fé que a Abraão, ou à sua descendência, foi feita a promessa de que havia de receber o mundo em herança. Por isso, é da fé que depende a herança. Só assim é que esta é gratuita, de tal modo que a promessa se mantém válida para todos os descendentes: não apenas para aqueles que o são em virtude da Lei, mas também para os que o são em virtude da fé de Abraão, pai de todos nós, conforme o que está escrito: Fiz de ti o pai de muitos povos. Pai diante daquele em quem acreditou, o Deus que dá vida aos mortos e chama à existência o que não existe. Foi com uma esperança, para além do que se podia esperar, que ele acreditou e assim se tornou pai de muitos povos, conforme o que tinha sido dito: Assim será a tua descendência. Esta foi exactamente a razão pela qual isso lhe foi atribuído à conta de justiça.
Evangelho segundo S. Mateus 1,16.18-21.24.
Jacob gerou José, esposo de Maria, da qual nasceu Jesus, que se chama Cristo. Ora, o nascimento de Jesus Cristo foi assim: Maria, sua mãe, estava desposada com José; antes de coabitarem, notou-se que tinha concebido pelo poder do Espírito Santo. José, seu esposo, que era um homem justo e não queria difamá-la, resolveu deixá-la secretamente. Andando ele a pensar nisto, eis que o anjo do Senhor lhe apareceu em sonhos e lhe disse: «José, filho de David, não temas receber Maria, tua esposa, pois o que ela concebeu é obra do Espírito Santo. Ela dará à luz um filho, ao qual darás o nome de Jesus, porque Ele salvará o povo dos seus pecados.» Despertando do sono, José fez como lhe ordenou o anjo do Senhor, e recebeu sua esposa.
Comentário ao Evangelho do dia feito por São Bernardino de Siena (1380-1444), franciscano Homilia sobre São José; OC 7, 16. 27-50 (a partir da trad. do breviário)

São José, guardião fiel dos mistérios da salvação

Quando a bondade divina escolhe alguém para uma graça singular, dá-lhe todos os carismas necessários, o que aumenta muito a sua beleza espiritual. Isto verificou-se totalmente com São José, pai legal de Nosso Senhor Jesus Cristo e verdadeiro esposo da Rainha do mundo e Soberana dos anjos. O Pai eterno escolheu-o para ser o guardião fiel dos Seus principais tesouros, quer dizer, de Seu Filho e de Sua esposa, função que ele desempenhou muito fielmente. Foi por isso que o Senhor disse: «Servo bom e fiel, entra no gozo do teu senhor» (Mt 25, 21).Se comparares José com o resto da Igreja de Cristo, não é verdade que é um homem particularmente escolhido, pelo qual Cristo entrou no mundo de maneira regular e honrosa? Pois se toda a Santa Igreja é devedora para com a Virgem Maria porque foi a Ela que foi dado receber Cristo, após Ela, é a São José que deve um reconhecimento e um respeito sem paralelo.Ele é, com efeito, o epílogo do Antigo Testamento: é nele que a dignidade dos patriarcas e dos profetas recebe o fruto prometido. Só ele possuiu realmente o que a bondade divina lhes tinha prometido. Certamente não podemos duvidar de que a intimidade e o respeito que, durante a Sua vida humana, Cristo deu a José, como um filho a seu pai, não lhe foram negados no céu, antes foram enriquecidos e completados. O Senhor também acrescentou: «Entra no gozo do teu senhor».Lembra-te de nós, bem-aventurado José, intercede, pelo auxílio da tua oração, junto de teu Filho adoptivo; torna igualmente propícia a bem-aventurada Virgem, tua esposa, porque Ela é a mãe Daquele que, com o Pai e o Espírito Santo, vive e reina pelos séculos sem fim.

Fonte: Evangelho Quotidiano

quinta-feira, 18 de março de 2010

LITURGIA DO DIA - 18/03

Santo do dia

Quinta-feira da 4ª da Quaresma


LEITURAS

Livro de Êxodo 32,7-14.
O Senhor disse a Moisés: «Vai, desce, porque o teu povo, aquele que tiraste do Egipto, está pervertido. Desviaram-se bem depressa do caminho que lhes prescrevi. Fizeram um bezerro de metal fundido, prostraram-se diante dele, ofereceram-lhe sacrifícios e disseram: «Israel, aqui tens o teu deus, aquele que te fez sair do Egipto.» O Senhor prosseguiu: «Vejo bem que este povo é um povo de cerviz dura. Agora, deixa-me; a minha cólera vai inflamar-se contra eles e destruí-los-ei. Mas farei de ti uma grande nação.» Moisés implorou ao Senhor, seu Deus, dizendo-lhe: «Porquê, Senhor, a tua cólera se inflamará contra o teu povo, que fizeste sair do Egipto com tão grande poder e com mão tão poderosa? Não é conveniente que se possa dizer no Egipto: ‘Foi com má intenção que Ele os fez sair, foi para os matar nas montanhas e suprimi-los da face da Terra!’ Não te deixes dominar pela cólera e abandona a decisão de fazer mal a este povo. Recorda-te de Abraão, de Isaac e de Israel, teus servos, aos quais juraste por ti mesmo: tornarei a vossa descendência tão numerosa como as estrelas do céu e concederei à vossa posteridade esta terra de que falei, e eles hão-de recebê-la como herança eterna.» E o Senhor arrependeu-se das ameaças que proferira contra o seu povo. Livro de Salmos 106(105),19-20.21-22.23. Fizeram um bezerro de ouro no Horeb e adoraram um ídolo de metal fundido. Trocaram assim o seu Deus glorioso pela figura de um animal que come feno. Esqueceram a Deus, que os salvara, que realizara prodígios no Egipto, maravilhas do país de Cam, feitos gloriosos no Mar dos Juncos. Deus decidiu aniquilá-los. Moisés, porém, seu escolhido, intercedeu junto dele, para acalmar a sua ira destruidora.
Evangelho segundo S. João 5,31-47.
«Se Eu testemunhasse a favor de mim próprio, o meu testemunho não teria valor; há outro que testemunha em favor de mim, e Eu sei que o seu testemunho, favorável a mim, é verdadeiro. Vós enviastes mensageiros a João, e ele deu testemunho da verdade. Não é, porém, de um homem que Eu recebo testemunho, mas digo-vos isto para vos salvardes. João era uma lâmpada ardente e luminosa, e vós, por um instante, quisestes alegrar-vos com a sua luz. Mas tenho a meu favor um testemunho maior que o de João, pois as obras que o Pai me confiou para levar a cabo, essas mesmas obras que Eu faço, dão testemunho de que o Pai me enviou. E o Pai que me enviou mantém o seu testemunho a meu favor. Nunca ouvistes a sua voz, nem vistes o seu rosto, nem a sua palavra permanece em vós, visto não crerdes neste que Ele enviou. Investigai as Escrituras, dado que julgais ter nelas a vida eterna: são elas que dão testemunho a meu favor. Vós, porém, não quereis vir a mim, para terdes a vida! Eu não ando à procura de receber glória dos homens; a vós já vos conheço, e sei que não há em vós o amor de Deus. Eu vim em nome de meu Pai, e vós não me recebeis; se outro viesse em seu próprio nome, a esse já o receberíeis. Como vos é possível acreditar, se andais à procura da glória uns dos outros, e não procurais a glória que vem do Deus único? Não penseis que Eu vos vou acusar diante do Pai; há quem vos acuse: é Moisés, em quem continuais a pôr a vossa esperança. De facto, se acreditásseis em Moisés, talvez acreditásseis em mim, porque ele escreveu a meu respeito. Mas, se vós não acreditais nos seus escritos, como haveis de acreditar nas minhas palavras?»

Comentário ao Evangelho do dia feito por Concílio Vaticano II Constituição dogmática sobre a Revelação Divina (Dei Verbum), §§ 14-16

«Investigai as Escrituras [...]: são elas que dão testemunho a Meu favor.»

Deus amantíssimo, desejando e preparando com solicitude a salvação de todo o género humano, escolheu por especial providência um Povo a quem confiar as Suas promessas. [...] A «economia» da salvação, de antemão anunciada, narrada e explicada pelos autores sagrados, encontra-se nos livros do Antigo Testamento, como verdadeira Palavra de Deus. Por isso, estes livros divinamente inspirados conservam o seu valor perene: «Tudo quanto está escrito para nossa instrução está escrito para que, por meio da paciência e da consolação que nos vêm da Escritura, tenhamos esperança» (Rom 15, 4).A «economia» do Antigo Testamento destinava-se sobretudo a preparar, a anunciar profeticamente e a simbolizar com várias figuras o advento de Cristo, redentor universal, e o do reino messiânico. Mas os livros do Antigo Testamento, segundo a condição do género humano antes do tempo da salvação estabelecida por Cristo, manifestam a todos o conhecimento de Deus e do homem, e o modo como Deus, justo e misericordioso, trata os homens. Tais livros, apesar de conterem também coisas imperfeitas e transitórias, revelam contudo a verdadeira pedagogia divina. Por isso, os fiéis devem receber com devoção estes livros, que exprimem o vivo sentido de Deus, nos quais se encontram sublimes doutrinas a respeito de Deus, uma sabedoria salutar a respeito da vida humana, bem como admiráveis tesouros de preces, nos quais, finalmente, está latente o mistério da nossa salvação.Foi por isso que Deus, inspirador e autor dos livros dos dois testamentos, dispôs tão sabiamente as coisas, que o Novo Testamento está latente no Antigo, e o Antigo Testamento está patente no Novo. Pois, apesar de Cristo ter alicerçado a Nova Aliança no Seu sangue, os livros do Antigo Testamento, ao serem integralmente assumidos na pregação evangélica, adquirem e manifestam a sua plena significação no Novo Testamento, que por sua vez iluminam e explicam.
Fonte: Evangelho Quotidiano

quarta-feira, 17 de março de 2010

LITURGIA DO DIA - 17/03

Santo do dia
Quarta-feira da 4ª semana da Quaresma
Hoje a Igreja celebra : S. Patrício, bispo, +461

LEITURAS
Livro de Isaías 49,8-15.
Eis o que diz o SENHOR: «Eu respondi-te no tempo da graça, e socorri-te no dia da salvação. Defendi-te e designei-te como aliança do povo, para restaurares o país e repartires as heranças devastadas, para dizeres aos prisioneiros: ‘Saí da prisão!’ E aos que estão nas trevas: ‘Vinde à luz!’ Ao longo dos caminhos encontrarão que comer, e em todas as dunas arranjarão alimento. Não padecerão fome nem sede, e não os molestará o vento quente nem o sol, porque o que tem compaixão deles os guiará, e os conduzirá em direcção às fontes. Transformarei os meus montes em caminhos planos, e as minhas estradas serão alteadas. Vede como eles chegam de longe! Uns vêm do Norte e do Poente, e outros, da terra de Siene.» Cantai, ó céus! Exulta de alegria, ó terra! Prorrompei em exclamações, ó montes! Na verdade, o SENHOR consola o seu povo, e se compadece dos desamparados. Sião dizia: «O SENHOR abandonou-me, o meu dono esqueceu-se de mim.» Acaso pode uma mulher esquecer-se do seu bebé, não ter carinho pelo fruto das suas entranhas? Ainda que ela se esquecesse dele, Eu nunca te esqueceria.
Livro de Salmos 145(144),8-9.13-14.17-18.
SENHOR é clemente e compassivo, é paciente e misericordioso. SENHOR é bom para com todos; a sua ternura repassa todas as suas obras. teu reino é um reino para toda a eternidade e o teu domínio estende-se por todas as gerações. SENHOR ergue todos os que caem e reanima todos os abatidos. SENHOR é justo em todos os seus caminhos e misericordioso em todas as suas obras. SENHOR está perto de todos os que o invocam, dos que o invocam sinceramente.
Evangelho segundo S. João 5,17-30.
Naquela altura Jesus replicou-lhes: «O meu Pai continua a realizar obras até agora, e Eu também continuo!» Perante isto, mais vontade tinham os judeus de o matar, pois não só anulava o Sábado, mas até chamava a Deus seu próprio Pai, fazendo-se assim igual a Deus. Jesus tomou, pois, a palavra e começou a dizer-lhes: «Em verdade, em verdade vos digo: o Filho, por si mesmo, não pode fazer nada, senão o que vir fazer ao Pai, pois aquilo que este faz também o faz igualmente o Filho. De facto, o Pai ama o Filho e mostra-lhe tudo o que Ele mesmo faz; e há-de mostrar-lhe obras maiores do que estas, de modo que ficareis assombrados. Pois, assim como o Pai ressuscita os mortos e os faz viver, também o Filho faz viver aqueles que quer. O Pai, aliás, não julga ninguém, mas entregou ao Filho todo o julgamento, para que todos honrem o Filho como honram o Pai. Quem não honra o Filho não honra o Pai que o enviou. Em verdade, em verdade vos digo: quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou tem a vida eterna e não é sujeito a julgamento, mas passou da morte para a vida. Em verdade, em verdade vos digo: chega a hora e é já em que os mortos hão-de ouvir a voz do Filho de Deus, e os que a ouvirem viverão, pois, assim como o Pai tem a vida em si mesmo, também deu ao Filho o poder de ter a vida em si mesmo; e deu-lhe o poder de fazer o julgamento, porque Ele é Filho do Homem. Não vos assombreis com isto: é chegada a hora em que todos os que estão nos túmulos hão-de ouvir a sua voz, e sairão: os que tiverem praticado o bem, para uma ressurreição de vida; e os que tiverem praticado o mal, para uma ressurreição de condenação. Por mim mesmo, Eu não posso fazer nada: conforme ouço, assim é que julgo; e o meu julgamento é justo, porque não busco a minha vontade, mas a daquele que me enviou.»

Comentário ao Evangelho do dia feito por Carta a Diogneto (c. 200) Cap. 9 (a partir da trad. de Orval; cf. SC 33 bis, p.68)

«Mais vontade tinham os judeus de O matar [...] [pois Ele] até chamava a Deus seu próprio Pai»

Até aos dias de hoje, que são os últimos, Deus permitiu-nos que nos deixássemos levar ao sabor de desordenadas inclinações, arrastados pelos prazeres e pelas paixões. Não é que tenha tido o menor dos prazeres com os nossos pecados; tolerava apenas este tempo de iniquidade, sem que nele consentisse. Preparava o tempo actual, o da justiça, para que, convencidos de termos sido indignos da vida durante esse período devido aos nossos erros, nos tornemos agora dignos dela pelo efeito da bondade divina [...].Ele não nos odiou; não nos repeliu [...]. Tendo piedade de nós, tomou sobre Si a responsabilidade dos nossos erros, e enviou o Seu próprio Filho para nos resgatar: o santo para os ímpios, o inocente para os maus, «o justo para os injustos» (1Pe 3, 18), o incorrupto para os corruptos, o imortal para os mortais. Que outra coisa a não ser a Sua justiça poderia cobrir, anular, os nossos pecados? Em Quem poderíamos nós ser justificados, senão no Filho unigénito de Deus? Dulcíssima troca, insondável obra, inesperados dons ! O crime de muitos é coberto pela justiça de apenas Um, e a justiça de Um único justifica a muitos culpados. No passado, Ele convenceu a nossa natureza da sua incapacidade em obter a vida; agora mostrou-nos o Salvador capaz de salvar o que não podia ser salvo. Quis, destes dois modos, dar-nos a fé na Sua bondade e fazer-nos ver n'Ele Aquele que alimenta, Aquele que é o pai, o mestre, o conselheiro, o médico, a inteligência, a luz, a honra, a glória, a força e a vida.
Fonte: Evangelho Quotidiano

terça-feira, 16 de março de 2010

LITURGIA DO DIA - 16/03

Santo do dia

Terça-feira da 4ª semana da Quaresma
LEITURAS

Livro de Ezequiel 47,1-9.12.
Conduziu-me para a entrada do templo, e eis que saía água da sua parte subterrânea, em direcção ao oriente, porque o templo estava voltado para oriente. A água brotava da parte de baixo do lado direito do templo, a sul do altar. Fez-me sair pelo pórtico setentrional e contornar o templo por fora, até ao pórtico exterior oriental; vi rebentar a água do lado direito. O homem avançou para oriente com o cordel que tinha na mão, e mediu mil côvados; depois fez-me atravessar a água; ela chegava-me até aos tornozelos. Mediu ainda mil côvados e fez-me atravessar a água; ela chegava-me aos joelhos. Mediu ainda mil côvados e fez-me atravessar a água; chegava-me aos quadris. Mediu ainda mil côvados; era uma torrente que eu não conseguia atravessar, porque a água era tão profunda que era necessário nadar. Efectivamente, era uma torrente que não se podia atravessar. E Ele disse-me: "Viste, filho de homem?" E levou-me até à beira da torrente. Quando aí cheguei, eis que havia à beira da torrente grande quantidade de árvores, em cada uma das margens. Ele disse-me: "Esta água corre para o território oriental, desce para a Arabá e dirige-se para o mar; quando chegar ao mar, as suas águas tornar-se-ão salubres. Por onde quer que a torrente passar, todo o ser vivo que se move viverá. O peixe será muito abundante, porque aonde quer que esta água chegar, tornar-se-á salubre; e a vida desenvolver-se-á por toda a parte aonde ela chegar. Ao longo da torrente, nas suas margens, crescerá toda a sorte de árvores frutíferas, cuja folhagem não murchará e cujos frutos nunca cessam: produzirão todos os meses frutos novos, porque esta água vem do Santuário. Os frutos servirão de alimento e as folhas, de remédio."
Livro de Salmos 46(45),2-3.5-6.8-9.
Deus é o nosso refúgio e a nossa força, ajuda permanente nos momentos de angústia.Por isso, não temos medo, mesmo que a terra trema, mesmo que as montanhas se afundem no mar;Um rio, com os seus canais, alegra a cidade de Deus, a mais santa entre as moradas do Altíssimo.Deus está no meio dela, não pode vacilar; Deus irá em seu auxílio, ao romper do dia.O SENHOR do universo está connosco! O Deus de Jacob é a nossa fortaleza!Vinde e contemplai as obras do SENHOR, as maravilhas que Ele realizou na terra.
Evangelho segundo S. João 5,1-16.
Depois disto, havia uma festa dos judeus e Jesus subiu a Jerusalém. Em Jerusalém, junto à Porta das Ovelhas, há uma piscina, em hebraico chamada Betzatá. Tem cinco pórticos, e neles jaziam numerosos doentes, cegos, coxos e paralíticos. Estava ali um homem que padecia da sua doença há trinta e oito anos. Jesus, ao vê-lo prostrado e sabendo que já levava muito tempo assim, disse-lhe:«Queres ficar são?» Respondeu-lhe o doente: «Senhor, não tenho ninguém que me meta na piscina quando se agita a água, pois, enquanto eu vou, algum outro desce antes de mim». Disse-lhe Jesus: «Levanta-te, toma a tua enxerga e anda.» E, no mesmo instante, aquele homem ficou são, agarrou na enxerga e começou a andar. Ora, aquele dia era de sábado. Por isso os judeus diziam ao que tinha sido curado: «É sábado e não te é permitido transportar a enxerga.» Ele respondeu-lhes: «Quem me curou é que me disse: 'Toma a tua enxerga e anda'.» Perguntaram-lhe, então: «Quem é esse homem que te disse: 'Toma a tua enxerga e anda'?» Mas o que tinha sido curado não sabia quem era, porque Jesus se tinha afastado da multidão ali reunida. Mais tarde, Jesus encontrou-o no templo e disse-lhe: «Vê lá: ficaste curado. Não peques mais, para que não te suceda coisa ainda pior.» O homem foi-se embora e comunicou aos judeus que fora Jesus quem o tinha curado. E foi por isto, por Jesus realizar tais coisas em dia de sábado, que os judeus começaram a persegui-lo.
Comentário ao Evangelho do dia feito por Jean Tauler (c. 1300-1361), dominicano de Estrasburgo Sermão 8 (a partir da trad. de Cerf 1991, p. 63)

«Levanta-te, toma a tua enxerga e anda»

Nosso Senhor foi à piscina de Betzatá; encontrou um homem doente há trinta e oito anos, e disse-lhe: «Queres ser curado?» [...] Meus filhos, reparai bem que este doente permaneceu ali longos anos. Este doente estava destinado a servir a glória de Deus, e não a morte (Jo 11, 4). Oh, se quiséssemos esforçar-nos por compreender, em espírito de verdadeira paciência, o ensinamento profundo contido no facto de o doente ter esperado trinta e oito anos que Deus o curasse e ordenasse que se fosse embora!Isto destina-se às pessoas que, mal começando uma vida ligeiramente diferente e não vendo produzir-se de imediato as grandes coisas esperadas, crêem estar tudo perdido e se queixam de Deus como se Ele as tratasse injustamente. São poucos os homens que possuem esta nobre virtude de se abandonarem e se resignarem, que se aceitam como são e suportam a própria enfermidade, os próprios obstáculos e as próprias tentações, até que o próprio Senhor os cure. [...] Que poder e que autoridade são dados a este homem! Na verdade, é a ele que é dito: «Levanta-te, não podes continuar deitado, deves sair triunfante do cativeiro, ser salvo e andar em total liberdade; levarás a tua cama, ou seja, aquilo que antes te levava a ti, e deves erguê-la e levá-la agora com autoridade e força.» Aquele que o próprio Senhor libertar será bem libertado, andará cheio de alegria e, após esta longa espera, obterá uma liberdade maravilhosa, de que são privados todos os que julgam que se libertam a si mesmos quebrando os seus laços antes do tempo.
Fonte : Evangelho Quotidsiano

segunda-feira, 15 de março de 2010

LITURGIA DO DIA - 15/03

Santo do dia

Segunda-feira da 4ª semana da
Quaresma


LEITURAS

Livro de Isaías 65,17-21.

Olhai, Eu vou criar um novo céu e uma nova terra; o passado não será mais lembrado e não voltará mais à memória. Alegrem-se e rejubilem para sempre por aquilo que vou criar. Olhai, vou criar uma Jerusalém cheia de alegria e um povo cheio de entusiasmo. Eu mesmo me alegrarei com esta Jerusalém e me entusiasmarei com o meu povo. Doravante não se ouvirão nela choros nem lamentos. Não haverá ali criança que morra de tenra idade, nem adulto que não chegue à velhice, pois será ainda novo aquele que morrer aos cem anos, e quem não chegar aos cem anos será como um amaldiçoado. Construirão casas e habitarão nelas, plantarão vinhas e comerão o seu fruto.

Livro de Salmos 30,2.4.5-6.11-13.

SENHOR, eu te enalteço, porque me salvaste e não permitiste que os inimigos se rissem de mim.SENHOR, livraste a minha alma da mansão dos mortos, poupaste me a vida, para eu não descer ao túmulo.Cantai salmos ao SENHOR, vós que o amais, e dai-lhe graças, lembrando a sua santidade.A sua indignação dura apenas um instante, mas a sua benevolência é para toda a vida. Ao cair da noite, vem o pranto; e, ao amanhecer, volta a alegria.Ouve me, SENHOR, tem compaixão de mim; SENHOR, vem em meu auxílio.Tu converteste o meu pranto em festa, tiraste me o luto e vestiste me de júbilo.Por isso o meu coração te cantará sem cessar. SENHOR, meu Deus, eu te louvarei para sempre.

Evangelho segundo S. João 4,43-54.

Passados aqueles dois dias, Jesus partiu dali para a Galileia. Ele mesmo tinha declarado que um profeta não é estimado na sua própria terra. No entanto, quando chegou à Galileia, os galileus receberam-no bem, por terem visto o que fizera em Jerusalém durante a festa; pois eles também tinham ido à festa. Veio, pois, novamente a Caná da Galileia, onde tinha convertido a água em vinho. Ora havia em Cafarnaúm um funcionário real que tinha o filho doente. Quando ouviu dizer que Jesus vinha da Judeia para a Galileia, foi ter com Ele e pediu-lhe que descesse até lá para lhe curar o filho, que estava a morrer. Então Jesus disse-lhe: «Se não virdes sinais extraordinários e prodígios, não acreditais.» Respondeu-lhe o funcionário real: «Senhor, desce até lá, antes que o meu filho morra.» Disse-lhe Jesus: «Vai, que o teu filho está salvo.» O homem acreditou nas palavras que Jesus lhe disse e pôs-se a caminho. Enquanto ia descendo, os criados vieram ao seu encontro, dizendo: «O teu filho está salvo.» Perguntou-lhes, então, a que horas ele se tinha sentido melhor. Responderam: «A febre deixou-o há pouco, depois do meio-dia.» O pai viu, então, que tinha sido exactamente àquela hora que Jesus lhe dissera: «O teu filho está salvo». E acreditou ele e todos os da sua casa. Jesus realizou este segundo sinal miraculoso ao ir da Judeia para a Galileia.

Comentário ao Evangelho do dia feito por Balduíno de Ford (? - c. 1190), abade cisterciense Homília 6, sobre Heb 4, 12 (a partir da trad. Brésard, 2000 ano B, p. 244 rev.)

«O homem acreditou nas palavras que Jesus lhe disse»

«A palavra de Deus é viva, eficaz e mais afiada que uma espada de dois gumes» (Heb 4, 12). Com estas palavras, o apóstolo mostra aos que procuram Cristo – Palavra, Força e Sabedoria de Deus – toda a força e toda a sabedoria que há na Palavra de Deus. No princípio, a Palavra estava junto do Pai, era eterna com Ele (Jo 1, 1). Foi revelada a seu tempo aos apóstolos, anunciada por eles, e recebida humildemente na fé pelo povo crente.Há, por conseguinte, uma Palavra no Pai, uma Palavra na boca dos apóstolos, e uma Palavra no coração dos crentes. A Palavra que está na boca dos apóstolos é a expressão da Palavra que está no Pai; é também expressão da Palavra que está no coração do homem. Quando se compreende a Palavra, ou quando se crê nela, ou quando se a ama, a Palavra que está no coração do homem converte-se em inteligência da Palavra, ou em fé na Palavra, ou em amor à Palavra. Quando estas três se reúnem num só coração, no mesmo instante compreende-se, crê-se e ama-se Cristo, Palavra de Deus, Palavra do Pai [...]. Cristo habita nessa pessoa pela fé e, por admirável condescendência, desce do coração do Pai ao coração do homem [...].A Palavra de Deus [...] é viva: o Pai deu-lhe ter vida em si própria, como Ele tem a vida em Si mesmo (Jo 5, 26). É por isso que ela não é apenas viva, mas é Vida, como está escrito: «Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida» (Jo 14, 6). E, dado que é Vida, é viva para ser vivificante, porque «assim como o Pai ressuscita os mortos e os faz viver, também o Filho faz viver aqueles que quer» (Jo 5, 21).

Fonte: Evangelho Quotidiano

domingo, 14 de março de 2010

LITURGIA DO DIA - 14/03



Santo do dia
4º Domingo da Quaresma - Ano C
4º Domingo da Quaresma (semana IV do saltério)
A liturgia de hoje convida-nos à descoberta do Deus do amor, empenhado em conduzir-nos a uma vida de comunhão com Ele.O Evangelho apresenta-nos o Deus/Pai que ama de forma gratuita, com um amor fiel e eterno, apesar das escolhas erradas e da irresponsabilidade do filho rebelde. E esse amor lá está, sempre à espera, sem condições, para acolher e abraçar o filho que decide voltar. É um amor entendido na linha da misericórdia e não na linha da justiça dos homens.A segunda leitura convida-nos a acolher a oferta de amor que Deus nos faz através de Jesus. Só reconciliados com Deus e com os irmãos podemos ser criaturas novas, em quem se manifesta o homem Novo.A primeira leitura, a propósito da circuncisão dos israelitas, convida-nos à conversão, princípio de vida nova na terra da felicidade, da liberdade e da paz. Essa vida nova do homem renovado, é um dom do Deus que nos ama e que nos convoca para a felicidade.
LEITURAS
Livro de Josué 5,9.10-12.
Disse, então, o SENHOR a Josué: «Hoje tirei de sobre vós o opróbrio do Egipto.» E deu-se àquele lugar o nome de Guilgal, até ao dia de hoje. Os israelitas acamparam em Guilgal, celebraram lá a Páscoa no décimo quarto dia do mês, à tarde, na planície de Jericó. Nesse mesmo dia, comeram dos frutos da região: pães ázimos e trigo tostado. O maná deixou de cair no dia seguinte àquele em que comeram dos frutos da terra, e nunca mais os israelitas tiveram o maná. Naquele ano, alimentaram-se dos produtos da terra de Canaã.
Livro de Salmos 34(33),2-3.4-5.6-7.
Em todo o tempo, bendirei o SENHOR; o seu louvor estará sempre nos meus lábios.A minha alma gloria se no SENHOR! Que os humildes saibam e se alegrem.Enaltecei comigo o SENHOR; exaltemos juntos o seu nome.Procurei o SENHOR e Ele respondeu me, livrou me de todos os meus temores.Aqueles que o contemplam ficam radiantes, não ficarão de semblante abatido.Quando um pobre invoca o SENHOR, Ele atende o e liberta o das suas angústias.
2ª Carta aos Coríntios 5,17-21. P
or isso, se alguém está em Cristo, é uma nova criação. O que era antigo passou; eis que surgiram coisas novas. Tudo isto vem de Deus, que nos reconciliou consigo por meio de Cristo e nos confiou o ministério da reconciliação. Pois foi Deus quem reconciliou o mundo consigo, em Cristo, não imputando aos homens os seus pecados, e pondo em nós a palavra da reconciliação. É em nome de Cristo, portanto, que exercemos as funções de embaixadores e é Deus quem, por nosso intermédio, vos exorta. Em nome de Cristo suplicamo-vos: reconciliai-vos com Deus. Aquele que não havia conhecido o pecado, Deus o fez pecado por nós, para que nos tornássemos, nele, justiça de Deus.
Evangelho segundo S. Lucas 15,1-3.11-32.
Aproximavam-se dele todos os cobradores de impostos e pecadores para o ouvirem. Mas os fariseus e os doutores da Lei murmuravam entre si, dizendo: «Este acolhe os pecadores e come com eles.» Jesus propôs-lhes, então, esta parábola: Disse ainda: «Um homem tinha dois filhos. O mais novo disse ao pai: 'Pai, dá-me a parte dos bens que me corresponde.' E o pai repartiu os bens entre os dois. Poucos dias depois, o filho mais novo, juntando tudo, partiu para uma terra longínqua e por lá esbanjou tudo quanto possuía, numa vida desregrada. Depois de gastar tudo, houve grande fome nesse país e ele começou a passar privações. Então, foi colocar-se ao serviço de um dos habitantes daquela terra, o qual o mandou para os seus campos guardar porcos. Bem desejava ele encher o estômago com as alfarrobas que os porcos comiam, mas ninguém lhas dava. E, caindo em si, disse: 'Quantos jornaleiros de meu pai têm pão em abundância, e eu aqui a morrer de fome! Levantar-me-ei, irei ter com meu pai e vou dizer-lhe: Pai, pequei contra o Céu e contra ti; já não sou digno de ser chamado teu filho; trata-me como um dos teus jornaleiros.' E, levantando-se, foi ter com o pai. Quando ainda estava longe, o pai viu-o e, enchendo-se de compaixão, correu a lançar-se-lhe ao pescoço e cobriu-o de beijos. O filho disse-lhe: 'Pai, pequei contra o Céu e contra ti; já não mereço ser chamado teu filho.' Mas o pai disse aos seus servos: 'Trazei depressa a melhor túnica e vesti-lha; dai-lhe um anel para o dedo e sandálias para os pés. Trazei o vitelo gordo e matai-o; vamos fazer um banquete e alegrar-nos, porque este meu filho estava morto e reviveu, estava perdido e foi encontrado.' E a festa principiou. Ora, o filho mais velho estava no campo. Quando regressou, ao aproximar-se de casa ouviu a música e as danças. Chamou um dos servos e perguntou-lhe o que era aquilo. Disse-lhe ele: 'O teu irmão voltou e o teu pai matou o vitelo gordo, porque chegou são e salvo.' Encolerizado, não queria entrar; mas o seu pai, saindo, suplicava-lhe que entrasse. Respondendo ao pai, disse-lhe: 'Há já tantos anos que te sirvo sem nunca transgredir uma ordem tua, e nunca me deste um cabrito para fazer uma festa com os meus amigos; e agora, ao chegar esse teu filho, que gastou os teus bens com meretrizes, mataste-lhe o vitelo gordo.' O pai respondeu-lhe: 'Filho, tu estás sempre comigo, e tudo o que é meu é teu. Mas tínhamos de fazer uma festa e alegrar-nos, porque este teu irmão estava morto e reviveu; estava perdido e foi encontrado.'»
Comentário ao Evangelho do dia feito por São Pedro Crisólogo (c. 406-450), Bispo de Ravena, Doutor da Igreja Homilia sobre o perdão, 2, 3 (a partir da trad. breviário)

«Irei ter com meu pai»

Se a conduta deste jovem nos desagrada, aquilo que nos causa horror é a sua partida: no nosso caso, não nos afastemos nunca de um pai destes! A simples visão do pai faz fugir os pecados, expulsa o erro, exclui qualquer má conduta e qualquer tentação. Mas, no caso de termos partido, de termos esbanjado toda a herança do pai numa vida desregrada, de nos ter acontecido cometer qualquer erro ou má acção, de termos caído no abismo da blasfémia, levantemo-nos e regressemos para junto de um pai tão bom, convidados por exemplo tão belo.«O pai viu-o e, enchendo-se de compaixão, correu a lançar-se-lhe ao pescoço e cobriu-o de beijos.» Pergunto-vos: haverá lugar para o desespero? Haverá pretexto para desculpas? Falsas razões para receios? A menos que se receie o encontro com o pai, que se receiem os seus beijos e os seus abraços; a menos que se julgue que o pai quer tomar para recuperar, em lugar de receber para perdoar, quando pega no filho pela mão, o toma nos abraços e o aperta contra o coração. Mas este pensamento, que esmaga a vida, que se opõe à nossa salvação, é amplamente vencido, amplamente aniquilado pelo seguinte: «O pai disse aos seus servos: «Trazei depressa a melhor túnica e vesti-lha; dai-lhe um anel para o dedo e sandálias para os pés. Trazei o vitelo gordo e matai-o; vamos fazer um banquete e alegrar-nos, porque este meu filho estava morto e reviveu, estava perdido e foi encontrado.»» Após termos ouvido isto, poderemos ainda demorar-nos? Que esperamos para regressar para junto do pai?
Fonte : Evangelho Quotidiano